4ª Reunião – Jesus Cristo é um homem no meio dos homens
4ª Reunião – Jesus Cristo é um homem no meio dos homens
a – Jesus não é um estranho na vida dos homens
Quem foi Jesus? Este homem nascido há 2000 anos marcou decisivamente a religião, a cultura e o Ocidente, marcando inclusive o nosso calendário. Por que ainda hoje, sua pessoa e sua mensagem continuam alimentando a fé de tantas pessoas?
Estamos nos esforçando para seguir Jesus no seio da Igreja católica. Quando dizemos Jesus Cristo, estamos falando do conhecimento que a Igreja chegou com fé à revelação de Deus em Jesus Cristo. E por que Jesus tem tanto poder de atração? Porque sua vida se aproxima da nossa e nos oferece um sentido.
Se Jesus foi percebido e lembrado pelos que se encontraram com ele, não poderá trazer algo renovador, libertador e esperançoso para nós? Jesus nos traz um horizonte diferente para nossa vida: nos mostra um Deus que só quer uma vida mais digna e feliz para seus filhos; e liberta de enganos, medos e egoísmos que paralisam nossa vida. Jesus ensina a viver com simplicidade e dignidade, com sentido e esperança, e tinha um profundo apego a vida humana.
b – A família de Jesus – Ele honra seu pai e sua mãe
Jesus foi concebido pelo poder do Espírito Santo, nasceu da Virgem Maria. A anunciação a Maria é o cumprimento das promessas da vinda de um Messias. Ao ser concebido como homem, o Filho Único do Pai é o Cristo (em grego) ou Messias (em hebraico), isto é, o ungido pelo Espírito Santo desde o início de sua existência humana.
Sua mãe era uma mulher humilde natural de uma localidade da Galileia. José, seu pai adotivo, natural de Belém, tinha o ofício de carpinteiro. A infância de Jesus foi passada com seus pais. E “era-lhes submisso” (Lc 2,15).
Jesus viveu seus primeiros anos de vida com sua mãe, seu pai e seu grupo familiar, valorizando o Quarto Mandamento de Deus revelado à Moisés, que se dirige expressamente aos filhos em suas relações com pai e mãe, e também às relações de parentesco com os membros do grupo familiar: “Honra teu pai e tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor, teu Deus, te dá” (Ex 20,12). E Jesus recorda a força desse mandamento de Deus: “De fato, Moisés ordenou: honra teu pai e tua mãe. E ainda: Quem insulta pai ou mãe deve morrer” (Mc 7,10).
c – Que atitudes me impedem de honrar pai e mãe
O Quarto Mandamento, que indica a ordem da caridade, implica e subentende os deveres dos filhos em relação aos pais. A família cristã é uma comunhão de pessoas, imagem da comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. A família é o reflexo da obra criadora do Pai. As relações dentro da família acarretam uma afinidade de sentimentos, de afetos e de interesses, afinidade essa que provém sobretudo do mútuo respeito entre as pessoas. Desde a infância se podem assimilar os valores morais, tais como honrar a Deus, aos pais e usar corretamente a liberdade.
Deus quis que, depois de Si, honrássemos os nossos pais, a quem devemos a vida e que nos transmitiram o conhecimento de Deus. O respeito aos pais é o reconhecimento àqueles que, pelo dom da vida, pelo seu amor e seu trabalho, puseram os filhos no mundo e lhes permitiram crescer em estatura, sabedoria e graça. A obediência aos pais cessa com a emancipação, mas não o respeito que lhes é devido.
É o único mandamento que vem acrescido de uma recompensa (cf. Ex 20,12). O respeito filial revela-se na docilidade e na obediência autênticas. Com o crescimento, os filhos continuarão a respeitar os pais. Adivinharão os seus desejos, pedirão de boa vontade os seus conselhos e aceitarão as suas admoestações justificadas. Tanto quanto for possível, devem prestar-lhes ajuda material e moral, nos anos de velhice e no tempo da doença, da solidão ou do desânimo. Jesus lembra este dever de gratidão. (cf. Eclo 3,12-14; 7,27-28; Ef 6,1-3; Cl 3,20)
d – A vida pública de Jesus
Jesus ao longo de toda a sua vida anunciava a chegada do Reino de Deus. O anúncio da chegada desse Reino veio acompanhado de palavras e ações por parte de Jesus sempre à serviço da libertação de cada ser humano, especialmente dos marginalizados de todo tipo. Ele viveu uma vida comum em Nazaré. Como pregador estava no meio do povo, mas sua preocupação sempre foi religiosa.
Num determinado momento, Jesus aproximou-se de João Batista para batizar-se. Escutou seu chamado à conversão e se fez batizar por ele no rio Jordão, em solidariedade ao povo que estava recebendo um batismo de conversão na esperança da chegada do Messias. Para Jesus esse seria o momento decisivo em sua vida, assumindo o batismo como sinal e compromisso de mudança. Após o batismo de Jesus, “logo os céus se abriram, e ele viu o Espírito de Deus descendo como uma pomba e vindo sobre ele. Ao mesmo tempo, uma voz vinda dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3,16-17). Naquele momento Jesus estava sendo ungido pelo Espírito Santo para a sua missão aqui na Terra.
Jesus passa a oferecer o perdão a todos, percorre toda a terra prometida acompanhado de seus discípulos, uma vida itinerante, celebra refeições abertas para todos, realiza curas, alivia a dor de pessoas abandonadas e abraça as crianças. O temor dá lugar à alegria de acolher a Deus. Jesus convida à confiança total em Deus Pai.
e – Jesus não está preso à grupos ou ideologias
Jesus não era um revolucionário, não pregou contra a dominação estrangeira, não pertenceu a nenhum grupo. Sua preocupação era profundamente religiosa, embora sua pregação tivesse, sem dúvida, fortes implicações políticas e sociais. Jesus não foi um moralista como muitos dos fariseus. Viveu e anunciou a liberdade em relação a todo ritualismo e a todo legalismo. Jesus só tinha a intenção de levar alegria e libertação à vida dos seres humanos.
Suas posições ultrapassavam todos os esquemas estabelecidos, porque tinham se tornado discriminatórios ou geradores de diferenças sociais e exclusão. Jesus se colocava contra muitas interpretações da lei, que se colocavam acima da caridade, do amor ao próximo, como o repouso absoluto para os judeus no sábado a ponto de não socorrem a alguém que estivesse correndo perigo de vida. Jesus pregava a fraternidade e o perdão de Deus entre todos.
f – Os simples e desprezados entusiasmavam-se com Jesus
A personalidade singular de Jesus desvalorizava os preconceitos sociais que dividiam as pessoas em grupos naquela sociedade. Fazia questão de aproximar-se de todos para estabelecer a comunhão entre todos os homens. Anunciava a Boa Nova do Reino de Deus e por isso provocava o entusiasmo das multidões.
g – As atitudes de Cristo e a sociedade de hoje.
Jesus não escolheu doutores da lei ou sacerdotes do templo para o acompanhar. Escolheu, sim, pescadores e um cobrador de impostos e a eles explicou sua palavra e lhes deixou o encargo de continuarem sua missão (cf. Mc 1,16-20).
Junto dos excluídos por causa dos seus defeitos físicos e morais fez sentir sua presença amiga. Tocou e curou os cegos (cf. Mt 9,27-31), os paralíticos (cf. Mt 9,1-8), os doentes mentais (cf. Mt 9,32-34), os leprosos (cf. Mt 8,1-4). Jesus passou muitas vezes por cima das leis religiosas, como no caso do repouso sabático, valorizando mais a pessoa do que o cumprimento escrupuloso das leis (cf. Mc 3,1-6). Todas essas atitudes de Jesus deixaram bem claro a mudança de ideias e de comportamentos que foram o reflexo de sua vida (cf. Mc 9,3-37).
A ação divina se manifestou em sua plenitude na pessoa e na vida de Jesus Cristo. Jesus chamou homens e mulheres para o seguirem, de tal modo que resultou uma comunidade de cristãos. As questões apresentadas acima versam sobre as atitudes de Cristo que influenciaram positivamente as pessoas, e chamam a nossa atenção para os desafios de hoje. A mensagem cristã de esperança se abre para o futuro injetando motivação e ânimo em face de cenários desanimadores.