A liturgia eucarística – 5ª parte
5º. A oração que acompanha a apresentação do pão é notável pela sua antiguidade e extraordinária beleza:
“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo”,
pelo pão que recebemos de vossa bondade,
fruto da terra e do trabalho humano,
que agora vos apresentamos,
e para nós se vai tornar pão da vida”.
Tal como a do pão, a oração sobre o vinho inspira-se na antiga bênção judaica que Jesus pronunciou sobre o cálice:
“Bendito sejais, Senhor, Deus do universo,
pelo vinho que recebemos de vossa bondade,
fruto da terra e do trabalho humano,
que agora vos apresentamos,
e para nós se vai tornar vinho da salvação”.
A mistura da água e do vinho era bastante comum na antiguidade. Este gesto foi enriquecido na celebração com diversos simbolismos. O mais antigo é proposto por Cipriano de Cartago (+258): “Se alguém só oferecer vinho, o sangue de Cristo fica sem nós. Se não for mais do que água, é o povo que fica sem Cristo”. O ordo da missa prescreve: “O diácono ou o sacerdote derrama vinho e um pouco de água no cálice, rezando em silêncio:
“Pelo mistério desta água e deste vinho
Possamos participar da divindade do vosso Filho,
Que se dignou assumir a nossa humanidade”.
A participação neste rito de preparação se manifesta por parte dos fiéis com as respostas: “Bendito seja Deus para sempre”. São aclamações que já introduzem a ação eucarística: ação de graças a Deus pelo dom do seu Filho Jesus. A assembleia deve ser instruída a seguir visualmente este momento, visto que o presidente age em nome dela, e a nutrir no coração sentimentos de doação a Deus.
Este momento da missa foi chamado, impropriamente, de “ofertório”, termo não mais usado pelo missal. Pois, o ofertório, a oferta do sacrifício ocorre, realmente, no memorial da consagração:
“Celebrando agora, ó Pai,
a memória do vosso Filho,
da sua paixão que nos salva,
da sua gloriosa ressurreição
e da sua ascensão ao céu,
e enquanto esperamos a sua nova vinda,
nós vos oferecemos em ação de graças
este sacrifício de vida e santidade”. (3ª.or.euc.).
Porém, a partir do momento da preparação dos dons, já se inicia aquele movimento interior, ofertorial do povo participante que passa pela oferta do próprio Cristo Senhor e culmina na doxologia conclusiva da Oração Eucarística, que deve ser recitada somente pelo celebrante.
A apresentação das oferendas conclui-se com uma oração que durante séculos foi chamada de “Secreta”, isto é, oração sobre os dons que tinham sido colocados à parte (“secreta”) para a celebração da eucaristia. Hoje ela é conhecida como “Oração sobre as oferendas”.
Podemos resumir o sentido da apresentação do pão e do vinho, recordando o que exigia a Lei: “Ninguém compareça diante de mim com as mãos vazias … Levarás à casa do Senhor teu Deus os primeiros frutos do teu solo” (Ex 23,15-19). Esta lei era, ao mesmo tempo, uma profecia, pois anunciava a Eucaristia. Apresentemo-nos diante do Pai com nossas mãos cheias dessa oblação, ofertório, oferenda perfeita que é Cristo Jesus, primícias da nossa terra. A apresentação dos dons é o pórtico de entrada da oferenda eucarística.
A participação consciente no rito da apresentação dos dons.